Insegurança é o que vem por aí!
16 de Dezembro de 2003

            Ataques por vírus de computadores, invasões, roubo de informações confidenciais e pessoais bateram recorde em 2003. Nem a Microsoft escapou da ação dos hackers, que criaram o vírus MSBlaster, em agosto deste ano, programado para derrubar o site www.windowsupdate.com, da gigante do software, fazendo com que a empresa de Bill Gates tivesse que mudar de endereço até que o problema estivesse sanado.
            2003 foi o ano que estelionatários mais disseminaram e-mails falsos com super ofertas do tipo “imperdíveis” para correntistas de alguns bancos, induzindo os correntistas menos atentos a digitarem seus dados bancários e senhas em sites clonados, como este abaixo do Banco Itaú. Veja que o endereço deste site clonado não é o www.itau.com.br, oficial do Banco Itaú, e sim, www.2bancoitau.com, criado no exterior (não tem .br no final).


Site clonado do Banco Itaú criado por estelionatários

            Clientes desavisados acabam digitando todos os seus dados bancários no falso site na esperança de estar aproveitando uma promoção exclusiva aos correntistas daquele banco, digitando sua senha no topo da página do site do banco que, aliás, nunca solicita estas informações na página principal.
            Vários outros bancos nacionais também tiveram seus sites clonados. O esquema funciona da seguinte forma: uma pessoa abre, com carteira de identidade (RG) e CPF falsos, uma conta no banco que terá o seu site clonado. Após a clonagem, pessoas da quadrilha disseminam e-mails para dezenas de milhares de internautas e ficam aguardando os correntistas mais ingênuos digitarem os seus dados no falso site. A partir dos dados digitados, a quadrilha faz a transferência bancária on-line para a conta criada com os documentos falsos. O titular da conta, que já se encontra no banco, é informado via celular, vai no caixa, retira o montante depositado e desaparece. Quando é averiguado quem ficou com o dinheiro, chega-se à conclusão de que é alguém que não existe ou alguém que teve seus dados roubados para a confecção de documentos falsos.
            No endereço
www.naveguemelhor.com.br/novidades/default.asp?ID=1049, pode-se encontrar uma matéria completa a respeito de uma mega operação realizada com sucesso pela Polícia Federal para prender a quadrilha do paraense Josenias Barbosa dos Santos, de 29 anos, um dos estelionatários mais procurados pela Justiça do Estado do Pará, que aplicava golpes em correntistas do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, Real, Unibanco, dentre outros. Josenias foi indiciado por crime contra o sistema financeiro, formação de quadrilha, estelionato e falsificação de documento particular. Estima-se que ele tenha roubado, juntamente com 27 integrantes de sua quadrilha, que também foram presos, cerca de R$ 100 milhões.
            Outro caso ocorreu no início deste ano. A Receita Federal divulgou que e-mails estavam sendo enviados para milhares de pessoas solicitando a confirmação de seus dados para que estes recebessem o programa de declaração do Imposto de Renda via Internet. Só que não era a Receita Federal que estava enviando estes e-mails e sim alguém interessado em obter os dados das pessoas para criar documentos falsos, abrir contas em bancos, constituir empresas para dar o golpe na praça, etc. Normalmente, a vítima só fica sabendo do ocorrido quando o seu nome já está numa das listas negras nacionais como o SPC, Serasa, etc.
            A óbvia recomendação é desconfiar sempre e nunca passar seus dados a desconhecidos, inclusive pelo telefone, quando não sabemos quem está do outro lado da linha.
            Os vírus de computadores também comprometem a segurança digital. Estando cada vez mais potentes e, com o advento da Internet em banda larga, a propagação dos vírus está tão rápida que, brevemente, por mais eficientes que sejam as equipes das empresas que criam antivírus, quando a vacina estiver pronta, o vírus já terá contaminado computadores no mundo inteiro.
            Atenta a esta tendência, a Intel, líder na fabricação de processadores para PCs no mundo, divulgou, durante a sua última conferência no Brasil este ano, que está criando uma nova tecnologia chamada LaGrande Technology, que fará toda a segurança do computador através do próprio hardware, sem a intervenção de softwares.
            Hoje em dia, passamos por uma era de insegurança das informações nunca antes vista. E, pelo menos por enquanto, o futuro ainda está bem nebuloso. Um simples celular pode comprometer informações confidenciais de uma empresa. Algumas já estão proibindo o acesso a certos departamentos com celulares devido às câmeras fotográficas digitais que estão sendo incorporadas em vários aparelhos. De acordo com o Meta Group (
www.metagroup.com), grupo de consultoria estratégica e informações tecnológicas, dentro de dois a três anos a maioria dos aparelhos celulares terá uma câmera fotográfica embutida, já que, para o fabricante, este recurso adiciona um custo de apenas 5 dólares por aparelho. E a estimativa do Meta Group é que, em apenas cinco anos, 1 bilhão de celulares com câmeras fotográficas estejam em uso no mundo.
            Especialistas em segurança digital consideram que a perda de privacidade aumentará no próximo ano, disparando o número de fraudes ocorridas contra o sistema financeiro e seus correntistas. Quanto a isso, considero que o mais importante a ser feito é cada banco conscientizar seus clientes dos perigos que eles correm nas operações on-line quando realizadas de forma indevida. Um pouco de “maldade” e informação é o que mais falta para que milhões deixem de ser roubados.

André Basílio é Diretor, Analista de Sistemas e Supervisor de Ensino da AB INFORMÁTICA.